Cenários da Terra:
Expedição à Serra da Tiaia
Granja-Ce
Depois de muito planejar... planejar... Finalmente consegui realizar um dos meus maiores sonhos de infânciaSempre tive vontade de estar no alto dessa serra a qual desde que era pequenino me fascinava pela forma e pelas histórias de caçadores:
Queria então festejar meu aniversário lá, mas por causa de um acidente (diga-se: uma topada mesmo!) tive que adiar a viagem, pois peguei 8 pontos na coronha do meu dedão esquerdo.
Finalmente chegara o dia 15, sábado, e lá fomos nós...
A Partida:
Anteriormente tinha me informado de como poderia ser a escalada e convidei alguns amigos. Tudo certo e marcada a saída lá em frente a Lanchonete Nilo-Som, às 6hs.
De moto, mochila de suprimentos (rapadura, biscoito e refri) e com garrafas termicas na garupa da moto, partimos: Zé Nilo, Edimar do Sr. Chico Nana e eu, Fagner. Às 6h05min. Rumo a casa de nosso guia o Sr. João Júlio.
O caminho acidentado que vai de Parazinho, passa pelo "Carro quebrado" e "Toro Morto" até a Tiaia, é uma mistura de piçarra em alguns trechos (foto), outros com bitolas de areia e coxias de "areia goma" (uma areia é muito fina, quase pó...).
Enfim chegamos nas proximidades da serra e de lá já podemos ter uma idéia da dimensão que é subir nela...
Largamos as motos, pegamos os suprimentos e seguimos o seu João, nosso guia, o qual já morou na localidade...
Iniciamos uma caminhada de uns 5min até chegar a base... Pela planície vemos muitos ramos de palha de carnaúba secando para extração do seu pó.
Começa a escalada:
Já no início da subida, 7h00, já notamos a dificuldade de adentrar na mata. Nosso guia optou pelo acesso mais comum: "O Recanto do Juá", próximo ao centro da serra.
Já com poucos minutos de subida, em meio a pedras com musgo, frouxas e traiçoeiras na mata fechada. Vemos os primeiros vestígios das cidades em volta (foto: Parazinho), e nem estávamos na metade da serra.
O cansaço começa a pegar... Olha que nem na metade estamos... Muitos espinhos, espinhos de cansanções, hortigas, cipós, a mata cada vez mais fechada... E levei ainda uma queda clássica (daquelas em que se cai sentado) sobre uma pedra com musgo. Contudo fizemos apenas 3 paradas.
Do meio pra cima:
Quando se está lá embaixo e se começa a subir, definitivamente, há um contraste enorme de temperatura. Ao escalar, temos um abafamento do corpo por conta da vegetação e também do esforço corporal. "É nesse momento que ocorrem as desistências", afirma seu João.
Mas já na "orelha" do monte, temos terreno mais firme, corberto de folhas e vegetação mais esparsa. Apartir daí já se sente um friozinho na barriga.
Começamos a ver uma espécie de capim maior e amarelado pedras cada vez mais brancas e o famoso Pau D´arco que fica no pico.
A vontade é de chegar logo...
Enfim, o Topo:
Chegando ao cume: Sinlêncio absoluto!!! Além de revigorados pela paisagem e eufóricos pela conquista, estávamos sem palavras... Nenhuma palavra... Apenas lembranças das pessoas intímas e a vontade de nunca mais ir embora. "É um paraíso", pensei. 8h05min, 65 minutos de peleja e automaticamente, retiramos as máquinas fotográficas e começamos a disparar.
Caminhando em direção da base da antiga antena de TV, colocada na década de 60, onde colocamos nossos pertences. Parece que tinhamos acordado lá: nenhum cansaço... nenhuma dor... nem queimadura de hortiga ou cansanção, nem arranhões de espinhos incomodam mais. Só o chão lá embaixo, as nuvens lá emcima e nós bem no meio...
Valeu à pena!!!
Veja abaixo um pouco dessa maravilha:
A panorâmica daí é estonteante
Na "careca" da serra a vegetação é composta de capins, pés de chichás, paus d´arcos, mandacarus, sabiás, escovinhas e até babosa.
A parte mais alta encontra-se ao leste do monte e nela temos um conjunto de pedras em meio a um vento muito gelado.
Um dos pontos que mais chamam atenção é a vista do Parazinho. Ao norte podemos ver claramente a torre do Santuário, caixas d´água do SAAE e até trechos da CE-085, além do açude.
A nordeste vemos também um dos açudes do Dr. Herbet.
A base da antiga antena de transmissão (TV) serviu para mesa para um animado lanche onde aprendemos mais sobre aquele local. Eis algumas curiosidades ditas pelo nosso guia:
- O irmão dele (Cláudio Júlio) fora o segundo vigia da torre, encarregado de subí-la todo dia para liga o gerador da mesma, a qual foi levada até o cume no braço bruto ou no lombo de animais por homens da região.
- A antena fora instalada nos anos 60 e era comum pessoas subirem para assistir um certo aparelho que era novidade: Televisor, o qual ficava no alto para verificação do sinal.
- Durante a copa de 70, chegava gente de tudo quanto é lugar: Martinopole, Parazinho, Jaguarapi, etc. Só pra assistir o Brasil jogar num quadrado de imagem preto e branco.
Em 1986, o IBGE também esteve presente lá... Provavelmente para demarcação de territórios.
Ao Sul, vemos bem próximo a localidade do Cajueiro Laxado,
e ao longe o Açude do Jardim em Martinópole.
A nordeste, Lago Grande, morros das praias, lago da Torta, e até o alto do farol de Jericoacora são bastante visíveis!!!
No sudeste da Serra, vemos Granja, o Alto do Jaguarapi, o Morro Granja com antena e tudo.
É impressionante a dimensão da Serra da Tiaia, o braço dela se extende a vários quilômetros a oeste.
No detalhe acima podemos ver a fazenda N.Sra da Conceição, também propriedade do Dr. Herbet.
Outros marcações do IBGE encontram-se em pedras do terreno.
As marcas parecem serem feitas de cobre...
Algumas formações lembram formas humanas... Esse lembra uma mão.
Em alguns pontos chega a fazer medo... Ao leste, por exemplo, o vento é estarrecedor: além de frio é muito forte!
Um lugar ótimo para escapar dos problemas do dia-a-dia e pensar na vida, se sentir realizado por uma conquista nova. Que para alguns pode não representar nada mas pra quem vai é memorável.
De todos os lados sempre há presentes em forma de paisagens...
Frutas locais também estavam presentes: Eis uma amêndoa chamada Chichá.
Encontrei uma pegada na rocha. Pelo jeito é Nº45. :-) rsrs
Esse é a árvore que mais se destaca no ápice: Pau D´arco. Dar pra vê-lo ao longe em cima da Serra.
Sentir-me como criança como nunca!!! A alegria era imensa!!!
Pausa pra reflexão antes da volta...
Seu João Júlio se sentia à vontade lá... Nilo já havia escalado uma vez...
Era muito estranho ter que olhar os urubus voando lá embaixo...
Para o Edimar e eu foi a primeira vez desse desafio. Pretendemos voltar lá próximo ano...
Por fim restaram apenas o cansaço, as lembranças...
...e o caminho de casa.
Era 9h35min quando começamos a descer e 10h10min quando chegamos ao pé e partimos.
Por Fagner da Cruz Vasconcelos
Materia muito interessante. Dar ate´vontade de ir lá.
ResponderExcluirTem condição de irmos lá, o blogue Granja Ceará ()?
òtimas fotos, que só me trazem lembranças, quando também escalei esse monumento da natureza, em dezembro de 2.006, estando aí, no Parazinho, Eu, o Airton Catarino, o Jander e o nosso guia sr. José Júlio, subimos ao topo da serra da tiaia.Foi uma aventura que não me esquecerei jamais. Tenho planos de repetir, quam sabe, quando eu for aí, ~planejaremos uma excursão eclógica em defesa da preservação da serra,com o seu tombamento como patrimônio Nacional.
ResponderExcluiros nativos da região deviam fazer uma rampa para vôo livre de asa delta paraglider etc, esta seria uma forma de atrair turistas para o lugar.
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