História Viva de Parazinho: Sr. José Pereira

História Viva de Parazinho: Sr. José Pereira

[caption id="attachment_1099" align="aligncenter" width="300" caption=" "][/caption]

Muita gente pode estar se perguntando: "-Quem será esse velhinho?"

Bom, esse senhor idoso nada mais é do que o cidadão mais velho de nossa Vila e um dos mais importantes por participar de fatos marcantes de nossa história local... Ontem, seu Zé Pereira (como é conhecido por aqui) consagrou seus 98 anos de vida e estamos honrosos em prestar essa homenagem através de um texto condensado de uma entrevista que ele nos concedeu em agosto desse ano. Leia e veja alguns relatos de nossa terra ditados por este sábio homem.

Vindo de família muito humilde, nascido a 16 de dezembro de 1910, em uma pequena "tapera" (casa de pau e barro) que antigamente ficava ao lado direito da atual E.E.F. Eliézer Arruda Filho. José Pereira Barros é filho de Francisco Raimundo Pereira (foto abaixo) e Luzia Barros Pereira. Foi um dos parazinhenses que mais participaram da construção do que é hoje um esboço de uma futura cidade.

[caption id="attachment_1222" align="aligncenter" width="203" caption=" Seu pai: Francisco Raimundo Pereira, com 35 anos. Foto da antiga cédula eleitoral."][/caption]

Trabalhou desde sua infância em diversas atividades: foi agricultor, pedreiro e carpinteiro (meios com os quais ajudou na construção de obras importantes daqui: como o Santuário de N.Sra. do Livramento, escolas e da reforma da Parede do Açúde, entre outras obras). Era muito conhecido e requisitado por todos pelos seus trabalhos em madeira (como "fusos" para prensas e outros trabalhos de carpintaria).

"Esse senhor viu nosso açúde em suas primeiras sangrias. As ruas invadirem a vegetação que antes cobrira tudo envolta (inclusive viu surgir uma Rua com seu nome). Casas se erguerem, famílias crescerem, as primeiras festas religiosas de nossa Padroeira se aglomerarem de fiéis vindo de diversos lugares. A primeira luz elétrica se acender por meio do velho gerador a diesel (o qual só iluminava o quadro da Igreja Primitiva: "Educandário"). Notou os antigos armazéns se tornarem mais populares se transformando em bodegas. Escolas surgirem (limitadas até a 4ª série na época). Participou da edificação do atual Santuário de N.S. do Lto. Novos ofícios aparecerem por aqui: como coureiros, ferreiros, escrivãos, comerciantes, etc. Os animais (burros, cavalos, bois) serem substituídos por máquinas automotoras: carros e caminhões. Assim como o calçamento tomar as ruelas de pisçarra. A velha "Maria Fumaça" dar seu lugar a rodovias asfálticas e as veredas locais se morfarem em ruas e estradas. O luxo que era receber água através da torneira. Além dos meios de comunicação tão raros outrora, se tornarem comuns nos dias de hoje: rádio, TV e a tão falada Internet chegar e se tornar corriqueira... Mas afinal, que Mundo é esse???

Que apesar das mudanças tão acentuadas ainda esquece de algo tão fundamental: A VIDA. Vida esta que sobrevive e resiste nos traços marcados pelos velhos calos ressecados deste homem, que como muitos outros: seguem esquecidos pela juventude e se desgastando experiências, histórias, saber sem ninguém se preocupar em descobri-las e dar prosseguimento..."

[caption id="attachment_1101" align="aligncenter" width="300" caption="Sr. Pereira durante a Festa de Junho de 1986 (foto: Sr. Totó Pereira)"][/caption]

Se perguntado sobre como era aqui antigamente, rapidamente ele diz: "-Num tinha nada meu filho! Nada. Hoje tem tudo! O Homem hoje tem tudo. Antigamente tudo era muito difícil... Agora tudo é mais fácil"

Já nos trazendo a impressão de que tempos ainda piores já decorreram outrora...

Até hoje é de impressionar sua lucidez. Embora sua saúde não seja das melhores... Cego de um olho, corpo frágil e dolorido, surdez pertinente. Ele fala sem interrupções e é dotado de uma memória fascinante. Uma relíquia viva quase esquecida de nosso pedacinho de chão.

Moradores contam causos em que este senhor (já de idade avançada), costuma ficar sentado em sua calçada à tardinha sob as sobras dos pés de mangueira enfrente a sua casa. Quando de repente: cai uma manga do galho e antes que os "bacurinhos" (porcos) cheguem a ela, ele já está com ela batendo na parede pra depois chupá-la. Não se tem saúde, mas sobra-lhe vontade de viver.

Pedimos a ele que nos passasse uma mensagem especialmente aos jovens. E ele ponderou um pouco e mensurou:

"Aproveite a Vida. Goze dela enquanto pode... Hoje o Homem vive naquele tempo ele não vivia não... Lucrei bastante coisa do Brasil, eu lucrei. Andei em vários lugares, conheci muita gente. Sou satisfeito com Deus pois Ele me deu oportunidade de ajudar muita gente. Minha vida sempre foi sofrida mas eu também toda vida fui alegre."

José Pereira Barros

Este texto acima foi condensado de uma entrevista que ele me concedeu no dia 22 de agosto desse ano. Espero que as informações assim como a lição de vida desse "velho mestre" nos atente a prestar mais atenção aos entes mais experientes de nossas próprias famílias, para que o maior legado de uma vida seja passado adiante, sempre: O CONHECIMENTO.

Fagner Cruz