quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Meio Século Sem Tupinambá

Meio Século Sem Tupinambá


Dom José Tupinambá - 50 anos de saudade sobralense

Amanhã (25), sinalizará meio século da morte de um dos mais importantes filhos da "Princesa do Norte". E Sobral já ensaia as homenagens que tributará a seu inesquecível Pastor: Dom José Tupinambá da Frota”.


Falecido há quase 50 anos, dom José continua lembrado na Diocese de Sobral, tantos e tamanhos foram seus valiosos feitos na estruturação da religiosidade e cultura da zona norte. Muito culto, de uma piedade a toda prova e afinado à liturgia, não permitia o menor deslize nos cerimoniais a qual presidia. Comportava-se como príncipe da corte eclesiástica da qual o papa era o augusto rei.


Bispo de Sobral por 43 anos, ordenou 98 padres, alguns tendo ascendido ao episcopado, como dom Expedito Lopes, ora em processo de canonização, dom Coutinho, dom Austragésilo, também já falecidos, e dom Edmilson Cruz, bispo emérito de Limoeiro do Norte. Foi, no conceito de monsenhor Sadoc, “um dos últimos abencerragens da mentalidade católica preconciliar”.


Ainda recordo as visitas pastorais do bispo-conde a Viçosa, na década de 1940. A cidade se preparava (casas pintadas, ruas e graças melhoradas) com alguns meses de antecedência. No dia da chegada do bispo – sempre em manhã radiante de sol, soprando aquela agradável brisa serrana toda a comunidade de branco se ajoelhava à passagem do carro episcopal que percorria um caminho palmilhado de flores, sob arcadas de ramos de palmeira. Foguetes, cânticos, aclamações – era uma apoteose, um espetáculo a que já não mais se assiste.



Naqueles instantes, além da afetuosa acolhida, aprazia-lhe o pensamento a hospedagem que teria na casa paroquial de Viçosa, construída por monsenhor Carneiro, ainda hoje a mais bonita e confortável residência da terra de Clóvis Bevilaqua.




Curiosidade:


Em 12 de janeiro de 1944, foi inaugurada a Capela de Nossa Senhora do Livramento em Parazinho. Contando com  a ilustre presença do bispo diocesano D. José Tupinambá da Frota.




Dom José era homem de fé e piedade. E isso evidenciou nas poucas, mas inexcedíveis conferências noturnas que na década de 1950 proferiu a seus seminaristas na velha e saudosa Betânia que ele mesmo fundou. Era um antístite que se impunha por seu moral e saber, toda a heráldica Sobral estando aí para confirmar essa assertiva. Um patriarca que Deus nos mandou como no Antigo Testamento mandara Abraão, Moisés e Josué para livrar seu povo da idolatria. Sozinho, enfrentava e resolvia a problemática de uma diocese que queria moldada nos lineamentos do Vaticano. Acumulando às tarefas de pastor d’almas os onerosos encargos de líder da zona norte cearense, também batalhava pelo progresso educacional e preservação da saúde de seus diocesanos. Era um apóstolo que além de formar seus padres e pregar a doutrina cristã, sempre estava a postos na fundação de colégios e construção de hospitais e abrigos para idosos – até mesmo com recursos da herança paterna – destarte suprindo a omissão dos poderes constituídos. Tendo plena visão do futuro, seu maior apanágio era o trabalho em prol da saúde física e do desenvolvimento educacional e moral da comunidade do seu pastoreio.



Texto de F. SILVEIRA SOUZA (advogado e escritor)
Fonte: O Povo
postado por Fagner C Vasconcelos
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