segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Resgate da História Local: Lar Juvenil de Parazinho

Lar Juvenil, a Casa da Juventude de Parazinho



Antigo prédio do Lar Juvenil de Parazinho (Foto: Fagner Cruz/Parazinet)
Antigo prédio onde funcionava o Lar Juvenil (de amarelo) em Parazinho (Foto: Fagner Cruz/Parazinet)
É de admirar a enorme diferença que separa a cultura de nossos antepassados. O lazer por exemplo, antigamente (segundo me falam), o modo de diversão era através de brincadeiras em grupo que abrangia variadas áreas do conhecimento humano: iam de pegadinhas matemáticas até habilidades de lógica, tendo sempre como carro-chefe o RESPEITO mútuo...

Infelizmente hoje, a grande maioria dos jovens e crianças se vêem rodeadas de tecnologias, entre uma gama de facilidades e variadas opções de divertimento singulares que reforçam o paradoxo de tentarem ser feliz SOZINHOS. O que no meu entender é plenamente irreal. Pois o Ser Humano nasceu para viver ao lado de outros e não apenas entocado em sua sala com seu videogame "brincado de atirar".


É isso que tentarei inspirar a vocês ao contar uma revolução empregada pela Juventude de outrora, a qual foi difundida em alguns municípios e localidades de nossa região pitoresca: As chamadas "Casas da Juventude".


LAR JUVENIL, A CASA DA JUVENTUDE DE PARAZINHO

Há cerca de 44 anos, fora criada no distrito de Parazinho uma espécie de clube dedicado aos adolescentes locais. Era o "Lar Juvenil" que fora criado baseado no princípio da "Casa da Juventude" de Granja, local onde os jovens se reuniam para se divertirem. E vejam só: sem bebidas, sem drogas, sem brigas... apenas se REUNINDO para trocarem idéias, paquerarem, dançarem ao som da Jovem Guarda, praticarem o convívio gentil que uma modinha ou outra proporcionavam em trabalhos de grupos que também realizava apoio as pessoas mais carentes. E tudo isso em pleno interior do Ceará.

A idéia do "Lar Juvenil", em Parazinho, partiu da iniciativa de três professoras granjenses que lecionava nessa época no antigo Educandário (Igreja Primitiva). Como naquele período, os jovens só podiam estudar até a 4ª Série do Ensino Fundamental e, após isso, ficavam "repetindo" a mesma série para não ficarem parados. As professoras: Maria do Socorro "Dona Bibi", a D. Nilda e a D. Nilza Braga, que por muitas vezes ficavam abrigadas na Casa Paroquial no vigário do Pe. Benedito Albuquerque. Acharam por bem expor a idéia aos alunos que mais tarde resultou em uma votação para a escolha dos membros da primeira diretoria do clube. A votação se deu no mesmo local de ensino contando inclusive com a participação de membros da comunidade.

Ficando eleitos os seguintes alunos:



Presidente: Antonio Airton Pereira "Totó"

Vice: Vicente de Paulo Pereira Gomes "Vicente Fortunato"

Secretário: José Nunes Dias "Dedé do Cabelo Duro"

Tesoureira: Francisca das Chagas Gadelha "Fransquinha"

Que tinham como os outros alunos, média de idade de 16 a 18 anos.


Seguindo esses critérios a casa da juventude de Parazinho, intitulada "Lar Juvenil" foi fundada em outubro de 1965, e começou a fazer movimentos para acariar recursos tanto para a "sede" como para ajudar pessoas carentes. Através de leilões (onde eles pediam prendas), rifas, e promoviam os chamados bazares entre outros. O jovens iam muitas vezes à pé pelas ruas de  Parazinho arrecadando donativos e, em outras ocasiões, alugavam o Jeep do Sr. Chico Carreiro que muitas vezes aceitava simplesmente o combustível em troca, permitindo assim aos mesmos chegarem até as comunidades distantes como a Tiaia, Pedral além de contarem com o veículo para transportarem as esmolas.Tudo isso para começarem a compor o clube.


Na época fazia muito sucesso os bazares que por sua vez eram realizados sob o som do rádio (ouvidos através do programa "Seu Presente É Música" da Rádio Tupynambá de Sobral). "O clima era muito descontraído e as vezes até engraçado, pois entre uma música e outra haviam muitos comerciais e nesse momento nós ficávamos conversando. Mas a qualquer sinal de música nós já pegávamos e formávamos nossos pares em segundos para aproveitar os sucessos tocados na transmissão" conta seu Totó. Naquela época, os jovens dançavam em salões improvisados dentro de casas residenciais.

Finalmente, através dos recursos recolhidos pelos movimentos, foi alugada junto ao Sr. José Augusto (antigo dono do comércio que ficava no centro da rua José Martins, ponto que era composto de loja de tecidos, armazém de compras de gêneros a granel como goma, farinha, cera de carnaúba, etc seguido pelo conhecido "Bar Central" no fim do prédio, que hoje seria no local do prédio da Caixa D'água) a primeira sede do grupo que ficava situada na esquina em frente a Igreja Matriz de N. Sra. do Livramento (foto acima), hoje atual comércio do Sr. Francisco Venceslau da Silva "Xixico", que fora complemetado na época com 06 mesas de madeira e 24 cadeiras, encomendadas ao marceneiro Assis Pereira.

Além disso, dois membros da diretoria (Totó e Vicente) se deslocaram para a cidade de Sobral com a finalidade de adquirir um radiola móvel de madeira acompanhada de 12 LP's todos com músicas de sucesso dos cantores da Jovem Guarda como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Vanderléia, Renato e Seus Blue Caps, Ronnie Von, Leno Lilian, Os Vips, Goldenboys, Deno e Dino, Eduardo Araújo, Agnaldo Timóteo e Sérgio Reis, enfim músicas para realizarem as famosas "Tertúlias" como eram chamadas as festas dançantes. Acompanhados de vários jogos de salão como damas, dominós, sem a finalidade de promover jogatina de azar ou apostas. Sendo adquirido também um grande cruxifixo para ser instalado na entrada do salão principal.

A casa funcionava das 19hs às 21:30hs, nas quartas, sábados e domingos e era iluminada pelo velho motor (no Educandário) que gerava energia para o santuário (Igreja Matriz). Aberta somente para os jovens associados, independente de raça, cor, posição social ou religião, que para isso doavam uma pequena contribuição apenas para manutenção do clube. Chegando a ter cerca de 80 sócios.

Embora com algumas pequenas alterações a estrutura da antiga "sede" ainda permanece quase que intacta, mantendo inclusive a mesma coloração amarelada, privando-se apenas do antiga nomenclatura em sua fachada que dizia: "Lar Juvenil". O clube se manteu ativo até o fim dos anos 60.



postado por FAGNER C VASCONCELOS
COLAB.: Totó Pereira



6 comentários:

  1. Muito interessante o registro sobre a existência no passado da Casa da Juventude do Parazinho, o que pode se chamar de um movimento jovem da época, algo que deixou resultados positivos, onde havia o encanto de uma juventude sadia, principalmente unida. Hoje, tudo funciona ao contrário, nas festas, além do individualismo, o que se ver é puro desamor, tudo sem um conteúdo proveitoso, aliás, o que está acabando com a raça humana, é a falta de amor ao próximo, ou seja, a falta de consciência sobre os dois principais mandamentos.

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  2. Olha só... Essa eu nunca tinha ouvio falar.

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  3. Parabens pela reportagem.
    Isso só mostra o que muitas vezes a historia ~esqueceu.

    Parabens seu Totó, pela bonita lembrança e aproveito parabenizar pela vida. Tem aniversário amanhã

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  4. Nossa!!!
    Que legal saber um pouco da historia da juventude do Parazinho.Sou filha de uma filha deta Terra que eu tanto amo,e ja tinha ouvido algo sobre as festas 'tertúlias'...è muito bom saber que essas lembranças ficam guardadas e agora , resistrada...Parabéns Fagner e Tio Totó...♥

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  5. Graças Pereira(Dadá)domingo, 18 outubro, 2009

    '...Sendo adquirido também um grande cruxifixo para ser instalado na entrada do salão principal.'...

    O crucifixo da época encontra-se em minha casa, trago como uma grande recordação , pois sou uma filha desta
    terra amada.

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  6. Parabens pelo artigo. Achei muito bacana.

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