quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Há 24 anos morria o cantor e compositor Raul Seixas


Toca Raul! Por certo, este não é o primeiro texto sobre Raul Seixas a começar com a famigerada brincadeira de bêbado, lei em shows, bares e festas. E não deverá ser o último. Mas como hoje é um dia especial para os fãs, vale comentar uma importante produção que vale como homenagem ao cantor que morreu no dia 21 de agosto de 1989. Em "Raul Seixas - O Inicio, o Fim e o Meio (2012), de Walter Carvalho toda a sua trajetória é retratada.


O filme é feito sob uma extensa e profunda pesquisa por parte da equipe, um trabalho primoroso digno de nota. O acesso há um catálogo de imagens que não se encontra no Youtube, já é suficiente para deixar os admiradores do músico satisfeitos.

É visível o feeling do diretor para organizar e sistematizar em duas horas de documentário todos os registros que incluem, ainda, músicas e depoimentos. Pouquíssimas informações que engrossam o filme são dispensáveis, o que deixa bem evidente a liberdade autoral do diretor, ao preterir Zé Ramalho e escolher Pedro Bial.

Quem não tem grande empatia por Raulzito, com certeza também é atraído diante da figura singular e, extremamente, brilhante retratada na tela. Embora o longa não tente, tolamente, endeusar Raul, o músico é visto de maneira menos confusa do que se autorretrata em suas letras. Seus pecados são mostrados apenas em suas relações amorosas e na melancolia do fim de sua carreira e vida. O mito raulseixista se estabelece exatamente nas suas imperfeições. Ele claramente se contradizia nas próprias músicas, refutando antigas convicções e por vezes retomando-as. Ainda era um mentiroso nato, quanto mais complexo, mais interessante se torna.

Dentre os depoimentos destaca-se o de Paulo Coelho, revelando um humor e franqueza que contrastam com suas obras literárias. Belíssima entrevista, um dos picos do documentário que consegue cadenciar o humor e o drama sem ser banal. Talvez, Claudio Roberto, fosse outro companheiro merecedor de mais atenção no documentário, devido à sua vasta contribuição para a carreira de Raul.

A montagem e o roteiro têm suas virtudes expostas de maneira didática durante a projeção, porém, também são responsáveis pela principal falha, a cronologia do filme, que não termina no meio como sugere o título, extraído da música Gita, e escolhido de maneira justa pelo diretor. O filme acaba com a morte do cantor, é cronologicamente careta, falta a subversão que mitificou o personagem.

Porém deve-se frisar nas críticas a Carvalho que colocar todos os elementos da atmosfera do Maluco Beleza em duas horas de exibição seria algo para transcender a genialidade. O filme por si, vale mais do que o ingresso, vale a certeza da razão ao gritar “toca raul”, mesmo que inadequado, mesmo que ainda sóbrio.
Assista ao trailer do filme abaixo:
 

via Olhar Conceito
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